Guerreiro Iroquês

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               Sendo uma das maiores confederações indígenas da América do Norte, a confederação iroquesa, também conhecida como Haudenosaunee, foi uma das mais proeminentes ligas nativo americanas no período da colonização da América do Norte. Poderosos e influentes, os iroqueses lutaram destemidamente contra outras tribos e, inclusive, potências europeias, visando manter a sua soberania e liberdade em face de uma nova era da história americana.

               Localizados nos territórios que vão desde o lago Erie até o lago Ontario, entre EUA e Canadá, boa parte da história haudenosaunee vem de suas próprias tradições orais. Nesse caso, eles traçam a sua fundação desde meados do século XV, ou mais cedo, quando as nações Mohawk, Onondaga, Oneida, Cayuga e Seneca foram unificadas pelo profeta chamado por eles próprios de o Grande Pacificador, já que evitam citar seu nome como marca de respeito por sua pessoa.

               Apesar de originalmente ser composta de cinco nações, uma outra se juntou a eles no início do século XVIII, Tuscarora, que migrou da Carolina do Norte até a região dos grandes lagos devido ao assentamento inglês em seu território original. Toda as tribos possuíam uma cultura e língua relacionadas, e após a sua unificação, eles espalharam ainda mais os seus costumes, seja por adoção de prisioneiros, assimilação de tribos refugiadas ou, até mesmo, conquistas militares.

Fronteiras das nações haudenosaunee, entre o atual EUA e Canadá

               Conhecidos pelos jesuítas, e outras tribos, como uma confederação de costumes guerreiros, os iroqueses eram, naturalmente, voltados para o combate. Os iroqueses não usavam nenhum tipo de proteção, indo para o combate com sua pintura de guerra e suas calças.

               Suas principais armas em combates tribais eram machados de pedra, tacapes e lanças, que usavam em curta distância. Para combates em longa distância, as armas usadas eram um arco e flecha, geralmente com as flechas possuindo pontas de ossos de tartaruga ou veado, e zarabatanas. O mais surpreendente dos iroqueses, entretanto, é que eles se adaptaram muito rapidamente às táticas europeias, logo passando a também usar armas de fogo que conseguiam com os colonos, principalmente franceses e ingleses.

               As táticas de guerra iroquesas eram altamente flexíveis, exigindo um grande conhecimento e domínio sobre o terreno, o que não era difícil para os mesmos. Entretanto, outros fatores que marcaram os guerreiros iroqueses foi a sua alta organização e moral, superando seus inimigos com articuladas estratégias e, com isso, sendo capazes de vencer até mesmo os europeus.

Guerreiros iroqueses em uma lareira

               Além de conflitos intertribais, os iroquois ficaram conhecidos por se envolverem com as potências europeias e servirem de aliados valiosos de alguns colonizadores europeus, uma das batalhas as quais os iroquois participaram junto com os europeus foi a batalha do Lago George.

               No cenário da guerra franco-indígena, um conflito entre os ingleses e franceses pelo controle da América do Norte, que também era parte da guerra dos sete anos, os iroquois possuíram papel importante no conflito ao ajudar os britânicos. A batalha do Lago George ocorreu em 8 de Setembro de 1755, no sul do Lago George, em Nova York.

               A batalha teve começo quando o general inglês William Johnson, junto com seus aliados iroqueses liderados por Hendrick Theyanoguin, foi emboscado pelas forças francesas lideradas pelo Barão Dieskal, Jean Erdman. Apesar da emboscada inicial pelo Barão Dieskal, os britânicos e iroqueses conseguiram resistir e reagir contra a ofensiva francesa. Mesmo com o ataque surpresa sendo repelido, houve uma  breve resistência por parte dos aliados indígenas dos franceses, os caughnawagas, principalmente porque os britânicos haviam matado seu líder, resultando em uma pequena confusão em suas linhas. Ainda assim, o Barão Dieskal forçou os índios a atacarem, mas eles acabaram batendo em retirada com um novo contra-ataque.

               O resultado da batalha foi inconclusivo, mas considerado uma vitória britânica, já que as tropas francesas foram obrigadas a se retirar e o Barão Dieskal acabou sendo capturado pelos britânicos. Ambas as forças possuíam aproximadamente 1500 homens, com os britânicos tendo 200 guerreiros mohawks, parte dos Haudenosaunee, atuando como aliados. Os franceses, em contrapartida, possuíam aliados entre outras tribos indígenas, que também estavam presentes na batalha. Por existirem várias versões dessa mesma batalha, o número de baixas é incerto, mas, aparentemente, ambos os lados sofreram um número similar de mortes, com 331 perdas para o lado britânico e 339 para o lado francês.

William Johnson salvando o Barão Dieskal, Benjamin West

               Apesar de sua histórica aliança com os ingleses, esse foi justamente um dos fatores pelos quais eles se viram envolvidos na guerra de independência americana. Incapazes de manter sua neutralidade devido a proximidade territorial, assim como a sua aliança com os ingleses, os americanos receberam ordens de George Washington para a destruição dos Haudenosaunee. Após a perseguição pela guerra, a confederação ficou bastante enfraquecida e teve de se retirar de seus territórios nos EUA, permanecendo majoritariamente no Canadá.

               A situação no Canadá, entretanto, começou a mudar no início do século XX e a criação da Liga das Nações, já que a administração mudou do Reino Unido diretamente, para políticos canadenses, complicando um pouco mais a situação dos nativos iroqueses. Atualmente, muitos Haudenosaunee lutam para conseguir reconhecimento de sua nação tanto pelas autoridades americanas quanto as canadenses. Uma situação crítica para os primeiros habitantes da América, que perderam boa parte do prestígio e reconhecimento que tiveram na história.

Parte de uma foto de família iroquesa em Nova York, 1914

               Bravos lutadores e destemidos conquistadores, os Haudenosaunee entraram em diversos conflitos para estabelecer a sua cultura na região, rivalizando não só com outras tribos, mas também com os próprios assentadores franceses do Canadá e os americanos que procuravam a independência. Apesar de relegados a um status extremamente inferior quando comparado aos seus dias de glória, as atitudes dos guerreiros iroqueses permanecem imortais perante a história, não só de seu povo, mas também, do continente americano.

Fontes:

PARMENTER, J. The edge of the woods: Iroquoia, 1534-1701. Estados Unidos: Michigan State University Press, 2010. 524 p.
SHANNON, T. J. Iroquois diplomacy on the early american frontier. Reino Unido: Penguin Books, 2009. 272 p.
RICHTER, D. K. War and culture: the Iroquois experience. Disponível em < http://www.ifch.unicamp.br/ihb/HS18-11textos/RichterWarWMQ.pdf > Acessado em 28 de Junho de 2015.

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